Percorrendo "da Cidade à Sociedade Urbana" de Lefebvre


Texto foi produzido por Yan Breno Azeredo Gomes da Silva.

         Lefebvre em seu livro “A Revolução Urbana” percorre um caminho para sistematiza o que ele chama de “fenômeno urbano” perpassando por diversos momentos. Antes de entrar no primeiro momento, ele preocupa-se em salientar que no início as populações que existiam eram destacadas pela etnologia e pela antropologia. Esses primeiros grupos humanos demarcaram, nomearam e exploraram e se estabilizaram no espaço e nele a agricultura superou a coleta e se estabeleceu como algo balizador dos centros urbanos. A cidade política, segundo Lefebvre, acompanha o estabelecimento de uma vida social organizada através da agricultura e da aldeia. A cidade política era habitada por sacerdotes, guerreiros, nobres, chefes e militares, administradores e escribas. A cidade era inteiramente ordem, ordenação e poder, ela administra, protege, explora o território.
Com o estabelecimento dessas cidades políticas, a troca e o comercio tenderam a aumentar. De início essas atividades eram cofiadas as determinadas pessoas, o que ele chama de “estrangeiros” e que aos poucos foi se fortalecendo funcionalmente. Os lugares que essas pessoas ocupavam era excluído da cidade política como as caravanas, praças de mercado e os burgos, e em consequência disso o processo de integração do mercado e da mercadoria à cidade levou séculos para se concretizar. Quando enfim concretizou-se a praça do mercado se torna central, suplantando a praça da reunião, a ágora da cidade política. O espaço urbano agora torna-se o lugar de encontro das coisas e das pessoas e por fim da troca. A cidade mercantil tem o seu lugar agora no percurso do fenômeno urbano. A troca comercial transforma-se na nova função urbana, função essa fez surgir uma nova forma na arquitetura e na urbanística e em consequência uma nova estrutura do espaço urbano.
Seguindo adiante, com o crescimento do capital comercial, a cidade comercial reorganizada na cidade política precede o capital industrial e por consequência a da cidade industrial. A cidade industrial segundo Lefebvre estaria antes de mais nada vinculada à não-cidade já que a indústria se implanta primeiramente próxima as fontes de energia, de matérias primas e da reserva de mão de obra presente no campo. Ela só se aproxima das cidades para chegar-se aos capitais e os capitalistas, dos mercados e de uma abundante mão de obra a preços baixíssimos. Portanto, a indústria começa a ser implantada quem qualquer lugar e alcança as cidades já existentes, ou até mesmo constrói novas cidade. Nesse momento a produção industrial é maior que as trocas mercantis e a cidade industrial precede e a anuncia a zona crítica e todas a suas consequências.
Ao final, a problemática urbana se estabelece a uma escala mundial, a realidade urbana modifica as relações de produção, tornando-se uma força produtiva. Desse modo, o fenômeno urbano segue com o surgimento da cidade política com intuito de impor ordem, ordenação e poder; logo depois com o crescimento das trocas e do comercio surge a cidade mercantil a qual as trocas comercias aparecem como função urbana. Nesse momento a uma inflexão do agrário para o urbano caracterizando o processo de implosão-explosão dando origem a cidade industrial onde a produção industrial é maior que as trocas mercantis precedendo e anunciando o momento crítico (zona crítica) quando a cidade se transforma no urbano em si, não como uma realidade acabada, mas como virtualidade.

Bibliografia
LEFEBVRE, H. A Revolução Urbana, Belo Horizonte, Capitulo I, Da Cidade à Sociedade Urbana, 1999, Ed. UFMG

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